4.11.07

Calças e botas novas. E um blusão para o fresco da noite.

No final dos sessenta em Portugal, ao contrário da Coca-Cola, era possível comprar em Portugal , produtos de origem americana, como os jeans de ganga e bombazine.

A moda masculina, nessa altura, chegava cá com meses ou até anos de atraso, mas chegava.

Os jeans, ou calças de ganga azul e em bombazine de várias cores, tinham marca certa: Levi´s. Levi Strauss, entenda-se. A marca americana tinha uma imagem mítica e ainda de qualidade certa, nesses produtos e por isso, era mais cara do que alguns concorrentes- que os havia. Wrangler, Lee e Lois, encontravam-se em lojas especializadas, em concorrência aberta. Em Espanha, os produtos ainda se diversificavam mais, com marcas próprias, para além da Lois que nessa altura invadia o mercado nacional dos jeans de ganga.

Encontrar esses produtos, fora dos grandes centros, nessa altura, tornava-se difícil. Os Porfírios e outras lojas similares dos anos sessenta e todos os setenta, existiam no Porto e Lisboa e no resto da paisagem do país, um ou outro comerciante mais ousado e modernaço, comercializava essas marcas, assim como expunha as excelentes e portuguesas malhas Almagre, de pullovers e camisolas de vário tipo.

As calças tinham a particularidade de se comprarem, ainda sem lavagens de desgaste rápido e a mostraa a cor desbotada que se pretendia alcançar rapidamente. A pré-lavagem foi artifício comercial alcançado alguns anos depois. Por isso, antes de usar um qualquer par de calças de ganga era de boa tonalidade, passá-las pelo tanque, em lavagens sucessivas, manuais, para lhes dar o desgaste pretendido, tirando-lhe a penugem de origem. Acontecia isso com as Lois e com as Levi´s.

O primeiro par de calças de ganga que tive, foi da marca Lois, espanhola, aí por alturas de 1970. Um luxo, para quem não tinha as Levi´s ao pé da porta e precisava de ir ao Porto, Lisboa ou Coimbra comprá-las. Se é que por lá existiam nessa altura, porque as de bombazine eram relativamente vulgares, mas as de ganga não o eram tanto assim.

Por essa razão, o primeiro par de Levi ´s avistado pelas paragens próximas, eram de bombazine. Aguentaram estoicamente dois anos de luta feroz, de uso semanal e pareciam indestrutíveis, na sua qualidade de resistência ao uso. Nunca mais na vida vi peças de roupa assim, tirando os blusões da Boss, aparecidos no final dos anos oitenta.

Quanto às botas, na mesma época apareceu a moda das botas do deserto possivelmente inventadas pela Clarks inglesa, para uso colonial ou do tempo das campanhas guerreiras, na II grande. Por cá, as imitações seguiram-se e perante o sucesso das vendas, apareceram as imitações inevitáveis que em vez da borracha virgem, da sola original, usavam um material mais barato, sintético. Tal aconteceu, novamente, alguns anos depois, com a moda dos sapatos de ténis, surgida em meados dos setenta, com a Adidas a ser imitada numa série de sucesso, cujo modelo ainda hoje procuro.

Os blusões, esses, eram da Levi´s mas também da Wrangler. E eram uma peça indispensável à indumentária casual.

A seguir, as imagens, mostram a primeira etiqueta, das primeiras calças de bombazine que a minha mãe me comprou, num Outono de 1972. Levi´s, cor verde escura e etiqueta branca. O meu irmão teve direiro a umas azuis. De uma tonalidade um pouco mais clara do que as apresentadas na foto da direita.

Essas Levi ´s foram sem dúvida as melhores calças que jamais tive.
























O conceito da ganga das calças, tinha os seus pormenores de rigor estético. Por exemplo, os remates em baixo, debruados, eram difíceis de reproduzir pelas costureiras que subiam bainhas. Logo, ou a medida era escolhida previamente, com um número acima, tendo em conta o encolhimento natural do tecido depois das lavagens, ou se recortava o remate, recozendo-o em seguida como agora se faz. A foto dos Eagles, de 1972, todos com calças de ganga pré-lavadas, o que ainda não existia nessa altura em Portugal, segundo julgo, mostra ainda a costura ao longo do exterior das perneiras, com marca de lavagem característica. Notoriamente, as calças de Don Henley, foram compradas com o número certo, por isso estão curtas...e já são de boca de sino, o que julgo só apareceu por cá, em Portugal, segundo julgo, no ano seguinte. à direita, a imagem das calças de ganga, modelo 501, originais, dos anos setenta.






















As botas com imagem que segue, são da Clarks. São as originais. O blusão que Dylan veste, durante o concerto para o BanglaDesh, em 1971, serviu de capa a um disco de Greatest Hits. A cor da ganga, é tudo.



Revistas de tv

Ora bem, caro Luís:
A Nova Antena que conheci, era já de 1970 e tinha como director João Coito, recentemente falecido. Uma capa e um sumário:





















Entretanto, na mesma época, publicava-se ainda outra revista dedicada aos temas televisivos. A r&t